sábado, 26 de agosto de 2017

TERTULIANO E A LOUCURA DO POLITEÍSMO

Tertuliano foi um teólogo que nasceu na África, na capital Cartago por volta do ano 160 d.C. Ele dedicou boa parte da vida sendo um defensor das verdades centrais do Cristianismo e nesse breve texto iremos analisar a visão dele acerca do politeísmo.


Para melhor entendermos o assunto, convém frisar que Tertuliano viveu numa época onde se prestava adoração a figura do imperador e onde o mundo era marcado pela adoração aos mais variados deuses. Tertuliano convicto de que a adoração deveria ser dada ao único Deus, escreve:
“Nunca irei chamar o imperador de Deus, e isso porque não está em mim ser culpado de falsidade; ou porque eu não me atrevo a expô-lo ao ridículo; ou porque ele mesmo não desejará ter esse alto nome a ele aplicado. Se ele é somente um homem, é do seu interesse como homem dar a Deus seu alto posto”. [1]
“Dê toda a reverência a Deus, se você deseja que o imperador seja propiciado por Deus. Dê toda a adoração e acredite nEle, pois nenhum outro é divino. Cessem também de atribuir o nome sagrado àquele que necessita de Deus. Se essa adulação mentirosa não é vergonhosa, chamando divino um homem, deixe que ele tenha pavor pelo menos do mau presságio o qual ele suporta”.[2]
 Tertuliano mantinha a convicção de que o politeísmo é vão, uma realidade contrária daquilo que Deus revelou em Sua Palavra. Era uma blasfêmia e uma afronta aos céus atribuir aos ídolos honras divinas. Para Tertuliano, os ídolos não passam de inovações humanas, pois toda divindade depende da aprovação do Senado quanto a sua deificação. Ninguém seria deus a não ser que o homem em seu próprio arbítrio não o tivesse desejado; assim, igualmente, rejeitado.[3] Os ídolos são nulidades, precisamente porque são inexistentes. Ele escreveu:
Não adoramos vossos deuses porque sabemos que não existem tais divindades”.[4] E ainda: “Não fazemos certamente injúrias àqueles que estamos certos de serem nulidades”.[5]
Tertuliano prova através da História Antiga que os ídolos são criações humanas, que até mesmo Saturno, o deus mais antigo de Roma, na verdade nunca passou de um homem. Uma vez provado que tais divindades não existem, à conclusão de Tertuliano caminha para um fim óbvio: os cristãos não podem ser acusados de traição por não adorarem os ídolos.
 “Pois, se está claro que tais deuses não existem, não há religião, no caso. Se não existe religião – porque esses deuses não existem – somos certamente inocentes de qualquer ofensa contra a religião. Em vez disso, a responsabilidade recai sobre vós. Por adorardes uma mentira, sois de fato culpados do crime de que nos acusais, não simplesmente porque recusais a verdadeira religião do verdadeiro Deus, mas porque ousais perseguí-Lo”. [6]
Ele ainda demonstra com argumentos invencíveis a incoerência do politeísmo dizendo:
“Certamente, constatando que apenas adorais um ou outro deus, certamente ofendeis àqueles que não adorais. Não podeis dar preferência a um sem desprezar o outro, pois a seleção de um implica na rejeição do outro. Desprezais, portanto, aqueles que rejeitais, porque na vossa rejeição a eles se evidencia que não temeis em ofendê-los”.[7]
Após demonstrar a loucura do politeísmo, Tertuliano passa a demonstrar a sua fé no Deus verdadeiro.
“O objeto de nossa adoração é um Único Deus que, por sua palavra de ordem, sua sabedoria ordenadora, seu poder Todo-Poderoso, tirou do nada toda a matéria de nosso mundo, com sua lista de todos os elementos, corpos e espíritos, para glória de Sua majestade”.[8]
Aqui, o teólogo cartaginês demonstra que a verdadeira e aceitável adoração somente pode ser oferecida ao Deus Todo-Poderoso, o qual na criação demonstra poder sem igual, criando todas as coisas, ex nihilo, ou seja, do nada, e tudo isso Ele faz para sua própria glória.

Pb. Rikison Moura.



[1] Apologético, cap. 33.
[2] Idem, cap. 34.
[3] Apologético, cap.13
[4] Idem, cap. 10
[5] Idem, cap. 12
[6] Idem, cap. 24
[7] Idem, cap. 13
[8] Apologético, cap. 17

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