Tertuliano
foi um teólogo que nasceu na África, na capital Cartago por volta do ano 160
d.C. Ele dedicou boa parte da vida sendo um defensor das verdades centrais do
Cristianismo e nesse breve texto iremos analisar a visão dele acerca do
politeísmo.
Para
melhor entendermos o assunto, convém frisar que Tertuliano viveu numa época
onde se prestava adoração a figura do imperador e onde o mundo era marcado pela
adoração aos mais variados deuses. Tertuliano convicto de que a adoração
deveria ser dada ao único Deus, escreve:
“Nunca irei chamar o imperador de Deus, e isso porque não está em mim
ser culpado de falsidade; ou porque eu não me atrevo a expô-lo ao ridículo; ou
porque ele mesmo não desejará ter esse alto nome a ele aplicado. Se ele é
somente um homem, é do seu interesse como homem dar a Deus seu alto posto”. [1]
“Dê toda a reverência a Deus, se você deseja que o imperador seja
propiciado por Deus. Dê toda a adoração e acredite nEle, pois nenhum outro é
divino. Cessem também de atribuir o nome sagrado àquele que necessita de Deus.
Se essa adulação mentirosa não é vergonhosa, chamando divino um homem, deixe
que ele tenha pavor pelo menos do mau presságio o qual ele suporta”.[2]
Tertuliano mantinha a convicção de que o politeísmo
é vão, uma realidade contrária daquilo que Deus revelou em Sua Palavra. Era uma
blasfêmia e uma afronta aos céus atribuir aos ídolos honras divinas. Para
Tertuliano, os ídolos não passam de inovações humanas, pois toda divindade
depende da aprovação do Senado quanto a sua deificação. Ninguém seria deus a
não ser que o homem em seu próprio arbítrio não o tivesse desejado; assim,
igualmente, rejeitado.[3]
Os ídolos são nulidades, precisamente porque são inexistentes. Ele escreveu:
“Não adoramos vossos deuses porque sabemos que não existem tais
divindades”.[4] E ainda: “Não fazemos certamente
injúrias àqueles que estamos certos de serem nulidades”.[5]
Tertuliano prova através da História Antiga que os
ídolos são criações humanas, que até mesmo Saturno, o deus mais antigo de Roma,
na verdade nunca passou de um homem. Uma vez provado que tais divindades não
existem, à conclusão de Tertuliano caminha para um fim óbvio: os cristãos não
podem ser acusados de traição por não adorarem os ídolos.
“Pois, se está claro que tais
deuses não existem, não há religião, no caso. Se não existe religião – porque
esses deuses não existem – somos certamente inocentes de qualquer ofensa contra
a religião. Em vez disso, a responsabilidade recai sobre vós. Por adorardes uma
mentira, sois de fato culpados do crime de que nos acusais, não simplesmente
porque recusais a verdadeira religião do verdadeiro Deus, mas porque ousais
perseguí-Lo”. [6]
Ele ainda demonstra com argumentos invencíveis a
incoerência do politeísmo dizendo:
“Certamente, constatando que apenas adorais um ou outro deus, certamente
ofendeis àqueles que não adorais. Não podeis dar preferência a um sem desprezar
o outro, pois a seleção de um implica na rejeição do outro. Desprezais,
portanto, aqueles que rejeitais, porque na vossa rejeição a eles se evidencia
que não temeis em ofendê-los”.[7]
Após demonstrar a loucura do politeísmo, Tertuliano
passa a demonstrar a sua fé no Deus verdadeiro.
“O objeto de nossa adoração é um Único Deus que, por sua palavra de
ordem, sua sabedoria ordenadora, seu poder Todo-Poderoso, tirou do nada toda a
matéria de nosso mundo, com sua lista de todos os elementos, corpos e
espíritos, para glória de Sua majestade”.[8]
Aqui, o teólogo cartaginês demonstra que a
verdadeira e aceitável adoração somente pode ser oferecida ao Deus
Todo-Poderoso, o qual na criação demonstra poder sem igual, criando todas as
coisas, ex nihilo, ou seja, do nada,
e tudo isso Ele faz para sua própria glória.
Pb. Rikison Moura.
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