sexta-feira, 11 de novembro de 2016

UMA REFUTAÇÃO ÀS INSINUAÇÕES SOCIALISTAS

Como prometemos em artigo anterior, vamos demonstrar que as afirmações socialistas não possuem sustentação bíblica. Vimos que tem sido comum ouvirmos as seguintes afirmações: “Jesus era socialista”, “Jesus era de esquerda”, “a igreja primitiva era comunista”. São essas afirmações que pretendemos responder neste breve artigo.

1. A igreja primitiva era comunista. Essa é a afirmação de vários socialistas. Eles se voltam para Atos dos Apóstolos em busca de sustentação. Afinal de contas, dizem eles, o texto em Atos afirma:
“Todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em comum. Vendiam suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém tinha necessidade (...) Da multidão dos que creram era um o coração e a alma. Ninguém considerava exclusivamente sua nem uma das coisas que possuía; tudo, porém, lhes era comum. Pois nenhum necessitado havia entre eles, porquanto os que possuíam terras ou casas, vendendo-as, traziam os valores correspondentes e depositavam aos pés dos apóstolos; então, se distribuía a qualquer um à medida que alguém tinha necessidade” (At 2.44,45; 4.32,34,35).
Ao fazermos algumas considerações sobre esses textos, podemos perceber que nada tem a ver com o comunismo. Assim como o céu se alteia sobre a terra, assim também os princípios e os motivos dos primeiros cristãos se alteiam sobre o comunismo.
Observem os seguintes fatos relacionados à igreja primitiva:
a. Eles não foram coagidos pelo governo a venderem suas posses. Eles não foram movidos pelo medo, pela coerção violenta, mas eles foram movidos pelo amor que nutriam uns pelo outros. O seu ato foi voluntário, coisa que nada tem a ver com o comunismo. No comunismo há o confisco da propriedade. O proprietário, por meio de coerção, é obrigado a transferir o que tem ao governo. Portanto, o voluntarismo dos primeiros cristãos, nada tem a ver com comunismo.
b. Se eles possuíam posses, logo havia um princípio de propriedade privada. O apóstolo Pedro, reconheceu esse princípio quando disse: “Ananias, por que encheu Satanás teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo, reservando parte do valor do campo? Conservando-o, porventura, não seria teu? E, vendido, não estaria em teu poder?” (At 5.3,4).
Pedro reconheceu que estava no poder de Ananias fazer o que bem entendia de sua propriedade, afinal de contas, a propriedade pertencia a ele. Ananias poderia ter vendido ou não. Poderia ter dado ou não o dinheiro aos apóstolos. Pedro disse: “Conservando-o, porventura, não seria teu? E, vendido, não estaria em teu poder?” (At 5.4).
Aliás, esse princípio de propriedade privada é um princípio bíblico. Logo nos Dez Mandamentos o Senhor Deus ordena: “Não furtarás” (Êx 20.15). A vontade de Deus é o fundamento do direito a propriedade. Assim sendo, conforme observa Charles Hodge: “A propriedade é sagrada, não porque em nossa opinião é uma instituição útil, e daí inferencialmente aprovada por Deus, mas porque Ele disse na Bíblia, e diz à própria consciência do homem: “Não furtarás”. 1
c. O que os cristãos fizeram foi restrito aos cristãos de Jerusalém e foi algo temporário. Não vemos em outros lugares isso sendo repetido. Foi algo feito pelos cristãos em Jerusalém, e logo foi abandonado. “Nunca mais ouvimos de tal coisa em nenhum outro lugar, nem posteriormente. Portanto, não tem força preceptiva”. 2
d. Aquele experimento foi realizado sob a égide do amor ao próximo, algo contrário ao espírito comunista. Os cristãos amam a Deus e ao próximo. Eles possuem uma fé viva. Uma fé que opera pelo amor. Esse foi o motivo que levou os cristãos de Jerusalém a venderem suas propriedades para atender os necessitados. Eles não visavam um poder tirânico sobre as pessoas. Eles não visavam o enriquecimento de uns em detrimento da miséria da maioria, pois é isso que o experimento comunista fez nas nações onde foi instalado.
2. Jesus era comunista/socialista. Essa é mais uma frase que tem sido citada constantemente. Mas será que isso tem alguma base sólida? Para que Jesus seja considerado um comunista ele deve concordar com os princípios do comunismo. Karl Marx definiu e resumiu a posição comunista da seguinte maneira: “A teoria dos comunistas pode ser resumida em uma única máxima: Abolição da propriedade privada”.
Jesus não poderia ser comunista, pois já vimos que a propriedade é um direito expresso na Palavra de Deus. Para que Jesus fosse um comunista teríamos que provar que ele era a favor da abolição da propriedade privada. Mas foi com base no princípio da propriedade privada que Jesus contou a parábola do senhor da vinha e dos trabalhadores assalariados (Mt 20.1-16). O senhor da vinha acertou pagar um denário aos trabalhadores. E ele começa a contratar trabalhadores de madrugada, e durante o dia vai chamando mais gente. Ao cair da tarde, ele mandou pagar o salário, começando dos últimos, indo até os primeiros. Os que chegaram por último receberam um denário. Os primeiros pensaram que receberiam mais, porém receberam também um denário. E começaram a reclamar contra o proprietário, o qual indagou: “Porventura, não me é lícito fazer o que quero do que é meu? Ou são maus os teus olhos porque eu sou bom? (v.15).
Portanto, essas insinuações socialistas não passam disso, meras e tolas insinuações. Como vimos em artigo anterior, esse tipo de abordagem é uma tentativa de fazer uma conexão entre os ensinos de Marx com os ensinos de Cristo. Mas esse diálogo é impossível, pois não pode haver comunhão da luz com as trevas.
Rikison Moura.


1 Teologia Sistemática, Hagnos, p. 1335
2 Idem, p. 1339.

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