sábado, 27 de agosto de 2016

CONSIDERAÇÕES SOBRE A MORTE

Quando o patriarca Jó meditou sobre a vida, ele apontou para duas realidades importantes. Primeira, é que a vida é breve: “O homem, nascido de mulher, vive breve tempo”. A segunda é que a vida é difícil: “cheio de inquietação” (Jó 14.1).
De todas as realidades da vida, a mais dura e difícil de lidar é com a realidade da morte. Desde que o pecado entrou no mundo, a morte tornou-se uma dura realidade para o homem (Rm 5.12). A morte é o compromisso inadiável de todo homem, pois “que homem há, que viva e não veja a morte? Ou que livre a sua alma das garras do sepulcro?” (Sl 89.48). Os vivos sabem que hão de morrer (Ec 9.5).

Não gostamos muito de pensar sobre isso. Às vezes somente paramos para pensar na realidade da morte quando estamos num funeral ou num cemitério. Mas não precisamos ir a esses lugares para pensarmos de modo sério sobre a morte, afinal de contas, gostemos ou não, ela virá.
Os autores bíblicos insistem em apontar para a brevidade de nossa vida. O apóstolo Tiago pergunta: “Que é a vossa vida?” e ele mesmo responde: “sois apenas como neblina que aparece por instante e logo se dissipa” (Tg 4.14).
O Salmo 39.6 declara: “Com efeito, passa o homem como uma sombra; em vão se inquieta; amontoa tesouros e não sabe quem os levará”. E ainda: “O homem é como um sopro; os seus dias, como a sombra que passa” (Sl 144.4).
Depois desse compromisso com a morte, existe outro compromisso também inescapável que é o juízo divino. “E, assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo” (Hb 9.27).
Mas há algo que muitos cristãos ainda não pararam para meditar: a morte tem um efeito benéfico sobre os filhos de Deus. O Breve Catecismo de Westminster chega mesmo a perguntar: Quais são as bênçãos que os crentes recebem de Cristo na hora da morte?
“A alma dos fiéis, na hora da morte, é aperfeiçoada em santidade e imediatamente entra na glória; e o corpo deles, estando ainda unido a Cristo, descansa na sepultura até a ressurreição”. [1]   
A morte para o cristão é a porta do céu. É descansar das fadigas (Ap 14.13). Morrer para o cristão não é ir para o purgatório, nem tampouco reencarnar, e sim retornar a pátria. É partir e estar com o Senhor. Paulo disse: “Porquanto, para mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro (...) tendo o desejo de partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor” (Fp 1.21,23).
E ainda: “Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé. Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda” (2Tm 4.7,8).
Finalizo essa breve meditação com as palavras do teólogo reformado L. Berkhof:
“A própria idéia da morte, as aflições que cercam a morte, o sentimento de que as doenças são prenúncios da morte, e a consciência da aproximação da morte – tudo isso tem um efeito benéfico sobre o povo de Deus. Serve para humilhar os orgulhosos, para mortificar a carnalidade, para refrear o mundanismo e para fomentar a mentalidade espiritual”. [2]
Assim, meus amados irmãos, pensem de modo bíblico acerca da morte. Atentando para o fato de que: “Se vivemos, para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. Quer, pois, vivamos ou morramos, somos do Senhor” (Rm 14.8). Não pertencemos a nós mesmos, somos do SENHOR!
Soli Deo Glória!


Rikison Moura.



[1] Breve Catecismo de Westminster, resposta à pergunta 37.
[2] Teologia Sistemática, p. 619.

Nenhum comentário:

Postar um comentário