Você já parou para observar que nas
controvérsias religiosas, os hereges são quase sempre vistos como vítimas? Isso
aconteceu com Agostinho versus Pelágio; Atanásio versus Ário; Cirilo versus
Nestório; Lutero versus Erasmo, Gomarus versus Armínio, etc. Os defensores da
fé são tachados de insensíveis, radicais, obstinados, loucos, intratáveis, etc.
Enquanto isso, os hereges são democráticos, suaves, talentosos, simpáticos,
populares e parece que essas qualidades encobrem o fato de que eles são
hereges!
Calvino por exemplo, não seria um
bom candidato ao ministério moderno, afinal de contas, Calvino era um defensor
ferrenho da soberania de Deus, da eleição divina, da graça soberana e o que há
de mais impopular do que estas doutrinas? Para muitos são verdadeiras heresias,
visto que o que está em voga hoje em dia é a autonomia humana.
Mas além destas doutrinas
antipáticas defendidas por Calvino, ainda há mais um agravante para que ele
seja repudiado por muitos ministérios hodiernos, ele tem “em suas mãos” o
sangue de Miguel Serveto. Não isentamos aqui a participação de Calvino no
trágico destino de Serveto. Conhecemos muito bem as fraquezas e as limitações
da natureza humana. Embora falte a muitos o cuidado de observar o contexto histórico
em que ele viveu, onde a pena capital era aplicada contra hereges, não apenas
nos países protestantes, mas também católicos, mas isso é história para um
outro dia.
Mas se Calvino não serve, então,
que tal a sua “vítima” Miguel Serveto? Possivelmente, Serveto seria um “bom
candidato” para vários ministérios brasileiros. Vejamos as suas credenciais:
ele era de família nobre, jovem talentoso, formado em medicina, foi ele o
primeiro que descreveu com exatidão a circulação pulmonar. Estudou leis, tinha
um bom conhecimento da História Eclesiástica, teologia, filosofia, era também
conferencista, pois em Paris o encontramos fazendo uma série de conferências
acerca da Geografia de Ptolomeu; também conhecia o grego, hebraico, latim e
árabe. Ual! Que currículo, não? Tudo isso parece encobrir as heresias de
Serveto.
Mas qual era a visão teológica de Serveto?
Em Estrasburgo, ele começa a
levantar questões sobre o Homem Jesus e o Verbo Divino, em que a divindade de
Jesus é colocada em xeque. Vejam que o erro não é trivial, não é secundário,
mas a própria essência do cristianismo é negada por Serveto. Não demora muito
para que as autoridades de Estrasburgo condenem as heresias de Serveto, e ele é
convidado a sair de lá.
A seguir ele publica trabalhos
heréticos sobre a Trindade. Para se ter uma ideia da perversão teológica de Serveto
em relação a Trindade, é o fato dele comparar a Santa Trindade a Cérbero, o cão
de três cabeças da mitologia grega que guardava a entrada do submundo. Ele
compara uma doutrina fundamentada na Escritura com uma invenção pagã.
Depois ele ataca a teologia
reformada da aliança, ao afirmar que o batismo infantil é uma: “invenção
diabólica e uma falsidade infernal destrutiva do Cristianismo”.
Serveto não cessa suas heresias
por aí. Ele também nega a doutrina da predestinação e volta-se para o erro da
regeneração batismal.
Esses eram alguns posicionamentos
de Serveto. Posicionamentos que, infelizmente, são defendidos por muitos
líderes evangélicos brasileiros. Assim sendo, Serveto seria um “bom nome” para
muitos ministérios atuais. Que Deus nos guarde de tais desgraças!
Rikison Moura.
Nenhum comentário:
Postar um comentário