terça-feira, 22 de dezembro de 2015

QUEM QUER SERVETO COMO PASTOR?

Você já parou para observar que nas controvérsias religiosas, os hereges são quase sempre vistos como vítimas? Isso aconteceu com Agostinho versus Pelágio; Atanásio versus Ário; Cirilo versus Nestório; Lutero versus Erasmo, Gomarus versus Armínio, etc. Os defensores da fé são tachados de insensíveis, radicais, obstinados, loucos, intratáveis, etc. Enquanto isso, os hereges são democráticos, suaves, talentosos, simpáticos, populares e parece que essas qualidades encobrem o fato de que eles são hereges! 

Calvino por exemplo, não seria um bom candidato ao ministério moderno, afinal de contas, Calvino era um defensor ferrenho da soberania de Deus, da eleição divina, da graça soberana e o que há de mais impopular do que estas doutrinas? Para muitos são verdadeiras heresias, visto que o que está em voga hoje em dia é a autonomia humana.
Mas além destas doutrinas antipáticas defendidas por Calvino, ainda há mais um agravante para que ele seja repudiado por muitos ministérios hodiernos, ele tem “em suas mãos” o sangue de Miguel Serveto. Não isentamos aqui a participação de Calvino no trágico destino de Serveto. Conhecemos muito bem as fraquezas e as limitações da natureza humana. Embora falte a muitos o cuidado de observar o contexto histórico em que ele viveu, onde a pena capital era aplicada contra hereges, não apenas nos países protestantes, mas também católicos, mas isso é história para um outro dia.
Mas se Calvino não serve, então, que tal a sua “vítima” Miguel Serveto? Possivelmente, Serveto seria um “bom candidato” para vários ministérios brasileiros. Vejamos as suas credenciais: ele era de família nobre, jovem talentoso, formado em medicina, foi ele o primeiro que descreveu com exatidão a circulação pulmonar. Estudou leis, tinha um bom conhecimento da História Eclesiástica, teologia, filosofia, era também conferencista, pois em Paris o encontramos fazendo uma série de conferências acerca da Geografia de Ptolomeu; também conhecia o grego, hebraico, latim e árabe. Ual! Que currículo, não? Tudo isso parece encobrir as heresias de Serveto.
Mas qual era a visão teológica de Serveto?
Em Estrasburgo, ele começa a levantar questões sobre o Homem Jesus e o Verbo Divino, em que a divindade de Jesus é colocada em xeque. Vejam que o erro não é trivial, não é secundário, mas a própria essência do cristianismo é negada por Serveto. Não demora muito para que as autoridades de Estrasburgo condenem as heresias de Serveto, e ele é convidado a sair de lá.
A seguir ele publica trabalhos heréticos sobre a Trindade. Para se ter uma ideia da perversão teológica de Serveto em relação a Trindade, é o fato dele comparar a Santa Trindade a Cérbero, o cão de três cabeças da mitologia grega que guardava a entrada do submundo. Ele compara uma doutrina fundamentada na Escritura com uma invenção pagã.
Depois ele ataca a teologia reformada da aliança, ao afirmar que o batismo infantil é uma: “invenção diabólica e uma falsidade infernal destrutiva do Cristianismo”.
Serveto não cessa suas heresias por aí. Ele também nega a doutrina da predestinação e volta-se para o erro da regeneração batismal.
Esses eram alguns posicionamentos de Serveto. Posicionamentos que, infelizmente, são defendidos por muitos líderes evangélicos brasileiros. Assim sendo, Serveto seria um “bom nome” para muitos ministérios atuais. Que Deus nos guarde de tais desgraças!


Rikison Moura.  

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