sábado, 3 de outubro de 2015

AO SENHOR PERTENCE A SALVAÇÃO (Jn 2.9)

Esse versículo poderia muito bem ser o estandarte das igrejas reformadas. Pois, ele mostra a salvação centrada em Deus, como uma obra monergística em oposição ao sinergismo arminiano.
Em rápidas palavras, por que a salvação pertence ao SENHOR?

1. Por causa da situação do homem caído.
O homem foi criado à imagem e semelhança de Deus, em estado de santidade e retidão, mas nossos primeiros pais não se conservaram nesse estado. Eles pecaram contra Deus e caíram do estado em que originalmente foram criados. Por causa do pecado “todo o gênero humano perdeu a comunhão com Deus, está debaixo de sua ira e maldição, e assim ficou sujeito a todas as misérias nesta vida, à própria morte e às penas do inferno para sempre”. [1]
O estado de pecado em que caiu todo o gênero humano o incapacita de voltar-se para Deus pela sua própria força e determinação. A sua vontade é cativa, seu arbítrio é cativo do mal.
“O homem, ao cair no estado de pecado, perdeu inteiramente todo o poder de vontade quanto a qualquer bem espiritual que acompanhe a salvação; de sorte que um homem natural, inteiramente avesso a esse bem e morto no pecado, é incapaz de, pelo seu próprio poder, converter-se ou mesmo preparar-se para isso”. [2]

2. Por causa da eleição divina.
Uma vez que o homem em estado de depravação radical não busca a Deus, é Deus que deve buscar esse homem morto e ressuscitá-lo para uma nova vida. É bom deixar claro que a eleição divina é incondicional. “Todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Rm 3.23). Uma vez que em Adão todos pecaram, “Deus não teria feito injustiça a ninguém se Ele tivesse resolvido deixar toda a raça humana no pecado e sob a maldição e condená-la por causa do seu pecado”. [3] Mas Deus, unicamente pela sua misericórdia, graça e soberana vontade, não deixa todo o gênero humano perecer na condenação. Mas escolhe alguns para a vida eterna.
Aqui há uma das principais diferenças entre calvinistas e arminianos. Ambos concordam que a salvação é uma questão de escolha, mas enquanto os calvinistas dizem que Deus é o autor da eleição, os arminianos insistem numa eleição que tem por base uma “fé prevista”, assim em última análise, a salvação para o arminiano depende do homem. Assim para o arminiano não é Deus quem escolhe o homem, e sim o homem quem escolhe a Deus.
Mas o ensino arminiano precisa responder a ênfase bíblica de que é Deus quem escolhe de modo soberano pecadores para a salvação: “...assim como nos escolheu, nele, antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis; e em amor nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade” (Ef 1.4,5).

“Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie” (Ef 2.8,9).

“E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou” (Rm 8.30).

“...que nos salvou e nos chamou com santa vocação; não segundo as nossas obras, mas conforme a sua própria determinação e graça, que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos eternos...” (2Tm 1.9).

“...não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua misericórdia, ele nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo” (Tt 3.5).  


3. Porque a Escritura diz.
Isso deveria resolver toda a questão. Por que a salvação pertence ao SENHOR? Porque a Bíblia diz (Jn 2.9). Ora, se acreditamos na inspiração plenária da Bíblia, então o que ela diz é certíssimo. Se o ímpio Pilatos se recusa a voltar atrás naquilo que escreveu (Jo 19.21,22), quanto mais o Espírito Santo que inspirou homem santos a escrever a Escritura não titubeou ao levar o profeta a declarar que: “Ao SENHOR pertence a salvação”. Se isso não é verdade, então a Bíblia não tem credibilidade, pois estaria afirmando algo que não é verdade. Mas se a Bíblia é, como cremos, a Palavra de Deus, então não há mais o que discutir. Sim, aleluia, ao Deus Triúno pertence, do começo ao fim, a salvação de pecadores (Jo 15.16; At 13.48; Fp 1.6; 2Ts 2.13; Hb 12.2).

Rikison Moura. 



[1] Breve Catecismo de Westminster, Resposta à pergunta 19.
[2] Confissão de Fé de Westminster, Capítulo 9 Sessão 3
[3] Os Cânones de Dort, 1.1

Nenhum comentário:

Postar um comentário