terça-feira, 25 de agosto de 2015

SPURGEON E UM SERMÃO EM CONJUNTO

Li esses dias uma história envolvendo o “príncipe dos pregadores”, o rev. Charles Spurgeon. Essa história não é de segunda mão, mas foi contada por ele próprio. [1]
Ele foi convidado a pregar numa determinada localidade no interior, e como bom inglês, ele era comprometido com o horário, com a pontualidade. Como ele mesmo disse: “Sinto que a pontualidade é uma daquelas pequenas virtudes que podem evitar grandes pecados”. Mas nesse dia, por razões que estavam fora do seu controle, Spurgeon acabou chegando consideravelmente atrasado.
Quando finalmente chegou na igreja, o culto já havia começado, os irmãos haviam cantado os hinos e estava no sermão. Quando ele aproximou-se da igreja, viu que quem estava no púlpito pregando era o seu amado avô. Quando ele viu a aproximação de Spurgeon ele disse: “Aí vem o meu neto! Ele pode pregar o Evangelho melhor do que eu, mas ele não pode pregar um Evangelho melhor, você pode, Charles?”

Enquanto Spurgeon fazia o caminho em direção ao altar ele respondeu: “Você pode pregar melhor do que eu. Suplico que continue”. Mas seu avô não concordou e passou o sermão para Spurgeon. Não deveria começar um novo assunto, devia tomar o sermão e continuar onde seu avô havia parado e assim ele fez.

O texto que estava expondo era Efésios 2.8: “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus”.  Seu avô disse: “Charles, eu estava pregando em ‘Porque pela graça sois salvos.’ Eu estava estabelecendo a fonte e manancial da salvação. E agora estou mostrando-lhes o canal do mesmo, através da fé. Agora você o eleva e prossiga”.

Spurgeon pegou o sermão e continuou expondo a seguinte sentença: “por meio da fé”. Quando ele foi para o próximo ponto, “E isto não vem de vós”, enquanto mostrava a incapacidade e a depravação humana e a certeza de que a salvação não poderia ser de nós mesmos, Spurgeon sentiu a aba do seu casaco ser puxada e a voz do seu avô dizendo: “Eu conheço mais acerca disto, queridos amigos”. E retomou o sermão expondo a depravação humana. Segundo o testemunho de Spurgeon:
“E assim, ele assumiu a parábola, e pelos próximos cinco minutos estabeleceu uma descrição solene e humilhante de nossa perdição, a depravação de nossa natureza e a morte espiritual sob a qual fomos encontrados”.

E ainda: “Quando ele disse o seu exemplo de uma forma muito graciosa, seu neto foi autorizado a prosseguir novamente, para grande satisfação do querido velho, pois de vez em quando ele dizia, em tom suave: “Bom! Bom!” Uma vez ele disse: “Diga-lhes isto de novo, Charles”. E, claro, eu lhes disse isso de novo! (...) Nosso acordo nas coisas de Deus tornou fácil para nós sermos pregadores conjuntos do mesmo discurso!”.

O testemunho de Spurgeon acerca do seu avô foi: “Se o meu avô pudesse retornar à Terra, ele me encontraria onde ele me deixou – firme na fé e fiel a essa forma de Doutrina que uma vez foi entregue aos santos.

Que Deus nos ajude a sermos fiéis à Sua Palavra e que o nosso evangelho seja o mesmo desses santos, dos quais o mundo não era digno.

Rikison Moura



[1] História contada por Spurgeon em seu sermão tudo de graça (nº 3479). 

Nenhum comentário:

Postar um comentário