“O que encobre as suas
transgressões jamais prosperará; mas o que as confessa e deixa alcançará
misericórdia. Feliz o homem constante no temor de Deus; mas o que endurece o
coração cairá no mal” (Pv 28.13,14).
O reformador alemão, Martinho
Lutero, é conhecido pela maioria das pessoas pelas suas 95 teses contra as
indulgências, fixadas na porta da Igreja do Castelo de Wittemberg no dia 31 de
outubro de 1517. Porém, poucos param para atentar para o conteúdo dessas teses.
Já sabemos que naquele momento o pensamento e a teologia de Lutero estavam em
desenvolvimento. Porém, já em sua primeira tese ele mostrara a sua compreensão
da fé evangélica ao afirmar:
“Dizendo nosso Senhor e Mestre Jesus Cristo:
Arrependei-vos... etc., certamente quer que toda a vida dos seus crentes na
terra seja contínuo e ininterrupto arrependimento”.
Na
tese de número quatro, Lutero diz:
“Assim
sendo, o arrependimento e o pesar, isto é, a verdadeira penitência, perdura
enquanto o homem se desagradar de si mesmo, a saber, até à entrada para a vida
eterna”.
Para Lutero, a vida do cristão deveria ser uma vida
de mortificação da carne, de arrependimento, consagração, de confissão de
pecados.
Hoje isso não é visto com bons olhos, pois o nosso
conceito de pecado é defeituoso. Ao invés de uma confrontação sincera com cada
pecado particular, nós nos contentamos com uma tímida insinuação, de modo que,
tanto em nossas orações em público, ou em particular, nos contentamos em
afirmar o seguinte: “perdoa as minhas falhas”. Isso é muito vago, periférico.
A Confissão de Fé de Westminster já nos alertara
acerca dessa atitude nas seguintes palavras:
“Os homens não devem se contentar com um
arrependimento geral; mas é dever de todos procurar arrepender-se
particularmente de cada um de seus pecados”.[1]
Outros já vencidos, nem mesmo se incomodam com seus
pecados. Nem mesmo chegam a lamentar por seus pecados. Esses pecam de modo
habitual e constante. Não mortificam a carne. Assim, provam que não amam o Senhor, nem
tampouco foram salvos por Ele, uma vez que continuam dominados pelo pecado (Rm 6.1-14).
Embora o verdadeiro cristão ainda peque, pois como
diz o apóstolo João “Se dissermos que não
temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a verdade de Deus não está
em nós” (1.8), ele não se deleita no pecado. O pecado é para ele algo
odioso e abominável. Por isso, ao pecar, ele sinceramente busca o perdão e a
misericórdia do seu Deus. E na promessa do Senhor de perdoar genuinamente
aqueles que confessam seus pecados e os deixa (Pv 28.13) ele encontra consolo
para sua alma: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos
perdoar os pecados e nos purificar e toda injustiça” (1Jo 1.9).
Meu amado irmão, esteja certo de uma coisa: “não há
pecado tão pequeno que não mereça a condenação, assim também não há pecado tão
grande que possa trazer condenação sobre os que se arrependem verdadeiramente”.[2]
Rikison Moura.
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