A igreja
primitiva colocou o mundo de cabeça para baixo, mas hoje tem acontecido
exatamente o contrário. É penoso, dói o nosso coração constatarmos esse
inequívoco fato. Não dar e nem adianta tapar o sol com a peneira. De fato vivemos
uma crise de obediência, de descrédito para com a Palavra de Deus, de
relativização da verdade. Nos acostumamos com uma “espiritualidade” que se
contenta em ir dominicalmente aos cultos, sem no entanto, comprometer-se com os
valores básicos da fé cristã.
E um desses
distintivos cristãos que é o amor pelos perdidos, o desejo sincero de vermos
vidas sendo transformadas tem perdido a cada dia que se passa espaço em nossas
vidas. Nutrimos grande admiração pelos grandes homens do passado, mas não
ousamos imitar a sua fé e o seu compromisso com a obra de Deus. Nos falta fervor
e paixão em ver almas rendidas aos pés de Cristo, verdadeiramente transformadas
pela pregação genuína da Escritura. Não procuramos com afinco a dracma perdida,
no máximo nos contentamos em polir nossas moedas.
Somos
simplesmente irresponsáveis com a evangelização dos perdidos. O que nos falta? Temos
recursos? Sim, muitos. Temos tecnologia? Até demais. Temos dinheiro? Somos
milionários, se comparados com os crentes do Novo Testamento. Porém, gastamos o
nosso dinheiro sem critério. O missionário David Botelho, disse que os crentes
brasileiros investem apenas 1,30 R$ em missões por ano. O que nos falta? Amor pelas almas! Parece que queremos ir para
os céu sozinhos. Esquecemos de clamar aos homens a entrarem nesse apertado,
porém glorioso caminho. Isso quando desejamos o céu, pois muitos querem
construir reinos e monumentos em torno de seus próprios nomes nesse mundo
mesmo.
Não queremos
gastar e nos desgastar como fez Paulo pelo reino de Deus (2Co 12.15). Somos
como sanguessugas que só recebem. Só pedimos e não queremos oferecer. A palavra
de Cristo tem constantemente queimado o meu coração:
“Por que me chamais Senhor, Senhor, e não
fazeis o que vos mando?” (Lc 6.46).
O que estamos
esperando? Cristo já não nos ordenou? Que o Espírito Santo nos acorde para a
realidade chocante que paira diante dos nossos olhos. Que nos incomode e nos
empurre para fora do nosso confortável ninho.
Às vezes agimos como Pedro no monte da Transfiguração. “Bom é estarmos
aqui”, disse o encantado apóstolo pela glória daquele grande milagre, mas lá
embaixo, havia um pai desesperado, suplicando ajuda, consolo e libertação para
o seu filho atormentado por espíritos demoníacos.
Gostamos de
estar na igreja, juntos com a irmandade, reunidos no aconchego e conforto,
porém, lá fora, almas clamam, gemem, choram. Lá há ódio, injustiça social,
desespero, desesperança. Meu Deus! Será que isso não nos incomoda? Será que
essa gente em situação tão dramática não faz chorar o nosso coração? Como nos
tornamos tão insensíveis?
As indagações
de Leonard Ravenhill merecem uma resposta sincera de nossa parte:
“Será que um marinheiro ficaria parado se
ouvisse o clamor de um náufrago? Será que um médico permaneceria sentado
comodamente, deixando seus pacientes morrerem? Será que um bombeiro, ao saber
que alguém está perecendo no fogo, ficaria parado e não iria prestar-lhe
socorro? E você, conseguiria ficar à vontade em Sião vendo o mundo ao seu redor
ser condenado?”.
Vejam como
Jesus olhava para uma multidão de pecadores e nunca mais ousem ser frios no
amor e lerdos nas ações. Elas não eram invisíveis aos Seus olhos. Ele os via e
os via não como um estorvo, mas como ovelhas sem pastor. Como enfermos que
necessitavam de médico. Como perdidos que precisavam ser achados, como
pecadores que necessitavam de salvação. Que
possamos falar aos homens famintos e sedentos de realidade e significado que
Jesus é o Pão da vida, a água que sacia toda sede. O amoroso Salvador de
pecadores.
Rikison Moura,
V. D. M
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