terça-feira, 11 de novembro de 2014

O REINADO DO UNGIDO DE DEUS (Salmo 2)

1.1 O versículo primeiro é um paralelismo sinonímico, isto é, quando o pensamento da primeira linha é repetido com conceitos similares na segunda linha.
O comentarista bíblico, Warren Wiersbe, diz que o Salmo 1 enfatiza a lei de Deus, enquanto o Salmo 2 concentra-se na profecia. As pessoas do Salmo 1 se comprazem com a lei, mas as pessoas do Salmo 2 desafiam a lei. O Salmo 1 começa com uma bem-aventurança e o Salmo 2 termina com uma bem-aventurança.[1]
O salmista inicia esse Salmo descrevendo a rebelião das nações contra o SENHOR e Seu Ungido. Revoltados contra o domínio do Altíssimo eles agem com rebeldia insensata, porém essa rebelião não tem a mínima chance de sucesso. Deus não é como um rei humano que tem muitíssimo trabalho para conter alguns camponeses revoltosos. Ninguém pode lutar contra Deus e prevalecer. Não importa o quão robusto, ricos e poderosos sejam os ímpios, contra Deus eles não podem, jamais, prevalecer.

1.2 Os apóstolos usaram esses primeiros versículos para se referir a perseguição das autoridades judaicas e romanas contra Jesus, o Ungido. Ao mesmo tempo, apontam para a vitória de Deus nesses acontecimentos, que em última instância, foram preordenados pelo próprio Deus. Eles exaltam o soberano controle de Deus na história humana. Mesmo sem saberem, ao demonstrarem seu ódio obstinado contra o Rei-Messias, os homens estavam apenas realizando o eterno plano de Deus. Tudo que era tramado contra Jesus nada mais era do que aquilo que Deus predeterminou:
“...Por que se enfureceram os gentios, e os povos imaginaram coisas vãs? Levantaram-se os reis da terra, e as autoridades ajuntaram-se à uma contra o Senhor e contra o seu Ungido; porque verdadeiramente se ajuntaram nesta cidade contra o teu santo Servo Jesus, ao qual ungiste, Herodes e Pôncio Pilatos, com gentios e gente de Israel, para fazerem tudo o que tua mão e o teu propósito predeterminaram” (At 4.25-27). 
1.4 Diante dessa insensata amotinação ímpia, a reação divina é de desprezo e ironia. “Ri-se aquele que habita nos céus; o Senhor zomba deles” (cf. Sl 37.13; 59.8).  O salmista está confiante que Deus frustrará os seus inimigos e os levará à completa derrota. Enquanto a imagem na terra é de agitação, a imagem do céu é de tranquilidade. Pois, afinal de contas, as mais poderosas nações, para Deus são como gotas num balde (Is 40.15).
1.6 Deus pronuncia e responde ao desafio da humanidade amotinada, apontando para a realização de seu soberano plano, a saber: Ele entronizará o Rei Ungido no mais alto monte de Jerusalém.
1.7 Agora quem fala é o Filho, o Rei-Messias. Ele nos revela o que o Pai lhe disse. Ele informa aos rebeldes de que a vitória do Messias é inevitável, pois foi decretada pelo próprio Deus.  É perca de tempo tentar detê-lo, pois os seus decretos são soberanos.
1.8 O Pai promete ao Filho vitória absoluta sobre as nações. “O Pai ama o Filho, e todas as coisas tem confiado às suas mãos” (Jo 3.35). É um amor que não nega coisa nenhuma: “Pede-me, e eu te darei as nações por herança...”.
1.9 O reino do Messias vitorioso é soberano e subjugador. Ele regerá as nações com vara de ferro. Ele irá impor à Sua vontade e despedaçará os inimigos como vasos de barro.
1.10 A cena do verso 10 em diante é surpreendente. Em vez de julgamento imediato, o Senhor e Seu Ungido oferecem uma oportunidade de arrependimento. Ele oferece a Sua bondade e estende a Sua graça e misericórdia.
1.11 Os líderes das nações amotinadas deviam deixar sua insanidade e passar a servir ao Senhor com temor, alegria e tremor. “O temor do SENHOR é fonte de vida para evitar os laços da morte” (Pv 14.27).
1.12 No mundo antigo, os governantes vassalos demonstravam submissão a seu rei beijando a mão ou a face dele.[2] Era uma demonstração de compromisso e fidelidade. Esse rei amoroso também pode irar-se e revelar o seu santo furor e fazer perecer os ímpios. A Bíblia nos chama à considerarmos a bondade e a severidade de Deus (Rm 11.22). Todos os atributos de Deus são harmoniosos. Não há conflito entre a sua bondade e severidade ou entre seu amor e ira. Bem-aventurados aqueles que se submetem humildemente ao Rei dos reis e nele se refugia!

Rikison Moura, V. D. M




[1] Warren Wiersbe, Comentário Bíblico Expositivo vol. 3, p.89
[2] Idem, p.92

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