1.1 O versículo primeiro é um paralelismo sinonímico, isto é, quando o
pensamento da primeira linha é repetido com conceitos similares na segunda
linha.
O comentarista bíblico, Warren Wiersbe, diz que o Salmo 1
enfatiza a lei de Deus, enquanto o Salmo 2 concentra-se na profecia. As pessoas
do Salmo 1 se comprazem com a lei, mas as pessoas do Salmo 2 desafiam a lei. O
Salmo 1 começa com uma bem-aventurança e o Salmo 2 termina com uma
bem-aventurança.[1]
O salmista inicia esse Salmo descrevendo a rebelião das
nações contra o SENHOR e Seu Ungido. Revoltados contra o domínio do Altíssimo
eles agem com rebeldia insensata, porém essa rebelião não tem a mínima chance
de sucesso. Deus não é como um rei humano que tem muitíssimo trabalho para
conter alguns camponeses revoltosos. Ninguém pode lutar contra Deus e
prevalecer. Não importa o quão robusto, ricos e poderosos sejam os ímpios,
contra Deus eles não podem, jamais, prevalecer.
1.2 Os apóstolos usaram esses primeiros
versículos para se referir a perseguição das autoridades judaicas e romanas
contra Jesus, o Ungido. Ao mesmo tempo, apontam para a vitória de Deus nesses
acontecimentos, que em última instância, foram preordenados pelo próprio Deus.
Eles exaltam o soberano controle de Deus na história humana. Mesmo sem saberem,
ao demonstrarem seu ódio obstinado contra o Rei-Messias, os homens estavam
apenas realizando o eterno plano de Deus. Tudo que era tramado contra Jesus
nada mais era do que aquilo que Deus predeterminou:
“...Por que se
enfureceram os gentios, e os povos imaginaram coisas vãs? Levantaram-se os reis
da terra, e as autoridades ajuntaram-se à uma contra o Senhor e contra o seu
Ungido; porque verdadeiramente se ajuntaram nesta cidade contra o teu santo
Servo Jesus, ao qual ungiste, Herodes e Pôncio Pilatos, com gentios e gente de
Israel, para fazerem tudo o que tua mão e o teu propósito predeterminaram” (At
4.25-27).
1.4 Diante dessa insensata amotinação
ímpia, a reação divina é de desprezo e ironia. “Ri-se aquele que habita nos
céus; o Senhor zomba deles” (cf. Sl 37.13; 59.8). O salmista está confiante
que Deus frustrará os seus inimigos e os levará à completa derrota. Enquanto a
imagem na terra é de agitação, a imagem do céu é de tranquilidade. Pois, afinal
de contas, as mais poderosas nações, para Deus são como gotas num balde (Is
40.15).
1.6 Deus pronuncia e responde ao desafio
da humanidade amotinada, apontando para a realização de seu soberano plano, a
saber: Ele entronizará o Rei Ungido no mais alto monte de Jerusalém.
1.7 Agora quem fala é o Filho, o
Rei-Messias. Ele nos revela o que o Pai lhe disse. Ele informa aos rebeldes de
que a vitória do Messias é inevitável, pois foi decretada pelo próprio Deus. É perca de tempo tentar detê-lo, pois os seus
decretos são soberanos.
1.8 O Pai promete ao Filho vitória
absoluta sobre as nações. “O Pai ama o Filho, e todas as coisas tem confiado às
suas mãos” (Jo 3.35). É um amor que não nega coisa nenhuma: “Pede-me, e eu te
darei as nações por herança...”.
1.9 O reino do Messias vitorioso é
soberano e subjugador. Ele regerá as nações com vara de ferro. Ele irá impor à
Sua vontade e despedaçará os inimigos como vasos de barro.
1.10 A cena do verso 10 em diante é
surpreendente. Em vez de julgamento imediato, o Senhor e Seu Ungido oferecem
uma oportunidade de arrependimento. Ele oferece a Sua bondade e estende a Sua
graça e misericórdia.
1.11 Os líderes das nações amotinadas
deviam deixar sua insanidade e passar a servir ao Senhor com temor, alegria e
tremor. “O temor do SENHOR é fonte de vida para evitar os laços da morte” (Pv
14.27).
1.12 No mundo antigo, os governantes
vassalos demonstravam submissão a seu rei beijando a mão ou a face dele.[2] Era uma
demonstração de compromisso e fidelidade. Esse rei amoroso também pode irar-se e
revelar o seu santo furor e fazer perecer os ímpios. A Bíblia nos chama à
considerarmos a bondade e a severidade de Deus (Rm 11.22). Todos os atributos
de Deus são harmoniosos. Não há conflito entre a sua bondade e severidade ou
entre seu amor e ira. Bem-aventurados aqueles que se submetem humildemente ao
Rei dos reis e nele se refugia!
Rikison Moura, V. D. M
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