terça-feira, 14 de outubro de 2014

BREVE INTRODUÇÃO AO LIVRO DOS SALMOS

O título do livro dos Salmos na Bíblia Hebraica é “Tehillim”, que significa “louvores” ou “cântico de louvor”, ás vezes também é chamado de “Sepher Tehillim”, que significa “Livro de louvores”. A tradução grega do Antigo Testamento (a Septuaginta) empregou o termo Psalmoi ou Psalterion que quer dizer: “um cântico entoado com o acompanhamento de um instrumento de cordas”. A Vulgata (tradução da Bíblia dos idiomas originais hebraico e grego para o latim feita por Jerônimo) seguiu a Septuaginta e chamou o livro de Psalmorum , do latim Psalterium, “um instrumento de cordas”.
O Senhor Jesus Cristo e Seus apóstolos possuíam grande estima por esse livro. No Novo Testamento encontramos mais de quatrocentas alusões ou citações dos Salmos. Jesus usava os Salmos em Seus ensinamentos ao povo. No Sermão do Monte, Jesus Cristo declarou que os mansos herdariam a terra (Mt 5.5 comp. Sl 37.11). Ao falar por parábolas (Mt 13.55), Cristo fez alusão direta ao Salmo 78.2. No início de seu ministério, quando Cristo demonstrou todo o seu zelo pela casa de Deus, os Seus discípulos se lembraram do Salmo (69.9; Jo 2.17). Ao referir-se ao traidor, o nosso Senhor o fez com as palavras do Salmo (41.9; Jo 13.18). Quando o Senhor estava naquela horrenda cruz em profunda dor, as palavras que brotaram de Seus santos lábios foram as do Salmo 22.1; Mt 27.46; e Suas últimas palavras: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito”. Eram do Salmo 31.5.

Quando a jovem igreja de Jerusalém teve de escolher um novo apóstolo, eles lembraram-se dos Salmos (Comp. At 1.15ss; Sl 69.25; 109.8). A igreja primitiva usou os Salmos como fundamento para sua pregação (At 2.31 comp. Sl 16.10) e como fonte de estímulo e encorajamento em tempos de perseguição (At. 4.23-31; Sl 2).
O cântico dos Salmos fazia parte do culto da igreja primitiva ( 1Co 14.26; Ef 5.19; Cl 3.16). Tertuliano, que viveu no segundo século depois de Cristo, escreveu que os cristãos cantavam os Salmos como antífonas. Crisóstomo e Agostinho também mencionam o uso dos Salmos nos cultos cristãos.
Nos dias da Reforma Protestante, principalmente em Genebra com a liderança de João Calvino, os Salmos eram trabalhados de forma a terem uma cadência métrica e serviam como texto para todos os cânticos da congregação. O princípio regulador baseado em Sola Scriptura reinava naquele lugar, sendo assim, somente a Palavra de Deus era cantada na catedral de Saint Pierre.
Esse livro foi à primeira porção da Bíblia Hebraica a ser impressa, depois do descobrimento da imprensa. Quando o concílio de Tolossa em 1229 proibiu a leitura da Bíblia por parte dos leigos, fez uma exceção especial em relação ao livro dos Salmos. Por milhares de anos o livro dos Salmos tem sido uma verdadeira fonte de alegria, consolo e encorajamento para os filhos de Deus.
Na “escola dos Salmos” aprendemos a suplicar a justiça de Deus quando somos perseguidos (Sl 35); os Salmos respondem a importante pergunta: Quem irá morar com Deus? (Sl 15 e 24). Os Salmos nos falam da criação (Sl 8) do dilúvio (Sl 29), dos patriarcas (Sl 47. 4,9; 105), de José (Sl 105. 17ss), do êxodo (Sl 114), do povo vagando pelo deserto (Sl 68.7; 106.1ss), do cativeiro (Sl 85; 137) e do Senhor Jesus Cristo (Sl 22). 
Os Salmos revelam o Deus da Bíblia, santo, poderoso, invencível em seus propósitos, provedor, que cumpre Suas promessas e que cuida do Seu povo com amor paternal. Esse livro também revela o nosso coração; ele faz um raio x de nosso interior e revela as nossas fraquezas, nossas dores e temores, nossas dúvidas, lágrimas, tristezas e alegrias, desespero e esperança. Ao lermos esse maravilhoso livro nós podemos ver pessoas de todos os tipos e em circunstâncias diversas. Certamente nos identificamos com esses personagens, interagimos com eles, sofremos, choramos, nos alegramos e somos fortalecidos com seus exemplos de fé e perseverança. Quem nunca sentiu-se como Davi, esmagado pela culpa do pecado não confessado? (Sl 32.3,4). Ou como Asafe ao contemplar a prosperidade e a “paz” dos ímpios no Salmo 73? Quem nunca glorificou ao Senhor Deus pelo triunfo do Seu reino (Sl 47)?
Em sua forma final no cânon das Escrituras, o livro dos Salmos é subdividido em cinco livros menores. A tradição judaica apelou para o número 5, alegando que essas divisões refletiam o Pentateuco, isto é, os cinco livros de Moisés. No livro I (Sl 1– 41), a maioria dos cânticos são atribuídos a Davi. O livro II (Sl 42–72) é uma coleção de cânticos por, de ou para os filhos de Corá, Asafe, Davi e Salomão; nessa coleção, quatro escritos permanecem anônimos. O livro III (Sl 73 – 89) é uma grande coleção de cânticos de Asafe. Asafe foi o chefe dos cantores de Davi (1 Cr 16.4-7). No livro IV (Sl 90 – 106) muitos autores não são citados, mas Moisés, Davi e Salomão deram suas contribuições. No livro V (Sl 107 – 150) registram vários Salmos de Davi.
Estudar esse livro em tempos tão turbulentos como os nossos é encontrar um manancial no deserto, uma fonte de júbilo, um porto seguro, uma âncora para a alma.


Rikison Moura, V. D. M

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