terça-feira, 16 de setembro de 2014

AS TESTEMUNHAS DO MESSIAS (2ª PARTE).

Observamos no nosso primeiro estudo o testemunho de João Batista a respeito de Jesus. Agora daremos continuidade ao nosso estudo sobre as testemunhas do Messias.
 Outra testemunha que Jesus evocou foram as Suas obras. (Jo 5.35-36). Os milagres de Jesus testemunharam fortemente de sua divindade. Ele mesmo disse que suas obras eram as mesmas obras de seu Pai. “Crede-me que estou no Pai, e o Pai, em mim; crede ao menos por causa das mesmas obras” ( Jo 14.11). “Tudo que o Pai faz, o Filho faz igualmente” (Jo 5.19). Até mesmo Nicodemos teve de reconhecer que os milagres de Jesus o qualificavam como alguém “vindo da parte de Deus” (Jo 3.2). Mas quais são essas obras que o igualam ao Pai?
Em primeiro lugar, o poder de ressuscitar os mortos: Pois assim como o Pai ressuscita e vivifica os mortos, assim também o Filho vivifica aqueles a quem quer” (Jo 5.21). Os judeus acreditavam que somente Deus podia ressuscitar pessoas; esta era uma das suas principais prerrogativas e uma das maiores provas do seu poder. Para os líderes judeus, era uma blasfêmia Jesus afirmar ser capaz de ressuscitar os mortos, pois atribuíam esse poder somente à Deus. Warren Wiersbe diz que os judeus ensinavam que Jeová tinha as três grandes chaves: a chave para abrir os céus e dar as chuvas (Dt 28.12); a chave para abrir o ventre e permitir a concepção (Gn 30.22); e a chave para abrir o túmulo e trazer quem desejasse de volta dos mortos (Ez 37.13). [1] Como o Pai, Jesus ressuscita os mortos e lhes dá a vida. O fato de Jesus ter autoridade para ressuscitar os mortos é prova de que é igual ao Pai, portanto, Ele é Deus!

Em segundo lugar, Cristo afirmou ser igual ao Pai na execução do julgamento: “E o Pai a ninguém julga, mas ao Filho confiou todo julgamento...” (Jo 5.22). Para os judeus, desde os tempos imemoriais, Deus é o “Juiz de toda a terra” (Gn 18.25). Após a atordoante alegação de que Cristo tem poder para ressuscitar os mortos, ele continua o seu diálogo com os fariseus e novamente os deixa atônitos ao afirmar que o Pai lhe confiou “todo o julgamento”. E a razão pela qual o Pai confiou o julgamento ao Filho é para que todos os homens honrem o Filho assim como honram o Pai, conferindo-lhe completa igualdade com o Pai.
Em terceiro lugar, o Filho tem vida em si mesmo: “Porque assim como o Pai tem vida em si mesmo, também concedeu ao Filho ter vida em si mesmo” (Jo 5.26). Somente Deus possui vida inerente. Isto significa que nem a existência do Pai nem a do Filho depende uma da outra, como nossa existência de um ato de nosso pai e de nossa mãe biológicos. Desde a eternidade, o Filho tem o direito de dar a vida (Jo 1.4).
A próxima testemunha que Jesus traz a discursão é o seu próprio Pai. Quando o Senhor Jesus foi batizado por João no rio Jordão, dando início o seu ministério terreno, o Pai testemunhou de Jesus dizendo: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo” (Mt 3.17). No monte da transfiguração o Pai interrompeu o discurso de Pedro com as seguintes palavras: “Este é o meu Filho amado; a ele ouvi” (Mc 9.7).
Jesus é o Ungido de Deus (Sl 2.2) “Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com poder, o qual andou por toda a parte, fazendo o bem e curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com ele” (At 10. 38).
A quarta testemunha de Jesus em João 5 são as Escrituras do AT: “Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas que testificam de mim” (Jo 5.39). Os judeus estudavam minuciosamente as Escrituras, mas não puderam encontrar o seu centro que é o testemunho acerca de Jesus. Sua vida, obra, morte, ressurreição e ascensão foram profetizadas pelo AT. Em Cristo as Escrituras encontram o seu alvo e objetivo. Ele cumpriu cabalmente tudo que estava escrito a seu respeito. Por que Jesus nasceu em Belém e não em Jerusalém ou Nazaré? Porque o profeta Miquéias profetizou que o Messias nasceria em Belém (Mq 5.2). Por que Maria e José levaram Jesus para o Egito? Porque o profeta Oséias dissera que isso aconteceria (Os 11.1; Mt 2.15). Por que Jesus ministrou na Galileia? Em obediência a Isaías 9.1,2 (veja Mt 4.12-17). Por que na cruz ele disse: “Tenho sede?” Segundo João 19.28, foi para que “as Escrituras fossem cumpridas” (cf. Sl 22.15; 69.21).
Os escribas procuravam conhecer a Palavra de Deus, mas não conheciam o Deus da Palavra! Contavam todas as letras do texto, mas deixavam passar as verdades espirituais contidas nesse texto.[2] As Escrituras estavam sendo cumpridas diante dos olhos deles, mas eles estavam cego ás evidências. “Não penseis que eu vos acusarei perante o Pai; quem vos acusa é Moisés, em quem tendes firmado a vossa confiança. Porque, se, de fato, crêsseis em Moisés, também creríeis em mim; porquanto ele escreveu a meu respeito. Se, porém, não credes nos seus escritos, como crereis nas minhas palavras” (Jo 5.45-47).
Após vermos as testemunhas do Messias, convém perguntarmos: “Que consciência o próprio Jesus tinha de si mesmo?”. Ele afirmava possuir o que pertence unicamente a Deus. Ele falou dos anjos de Deus (Lc 12.8,9; 15.10) como se fossem seus (Mt 13.41). Ele considerava o reino de Deus (Mt 12.28; 19.14,24; 21.31,43) e os eleitos de Deus (Mc 13.20) como de sua propriedade. Ele também reivindicou para si a autoridade para perdoar pecados (Mc 2.5), o que desencadeou uma acusação de blasfêmia contra ele: “Por que fala ele deste modo? Isto é blasfêmia! Quem pode perdoar pecados, senão um, que é Deus?” (v.7). O exercício de perdoar pecados era uma prerrogativa divina. Jesus também reivindicava poder para julgar o mundo (Mt 25.31,32) e reinar sobre ele (Mt 24.30; Mc 14.62). Se Jesus não é Deus, Ele perdeu uma ótima oportunidade de corrigir a concepção de seus discípulos. Quando Tomé declarou: “Senhor meu e Deus meu!” (Jo 20.28), ali havia uma ótima oportunidade para corrigir uma concepção errada, se fosse o caso, mas Jesus não fez isso. E por que não fez? Porque Ele tinha consciência de si mesmo, ou seja, verdadeiramente Ele é Deus!

Rikison Moura, V. D. M





[1] Warren Wiersbe, Comentário Bíblico Expositivo, p.394.
[2] Warren Wiersbe, Comentário Bíblico Expositivo, p. 396.

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