sexta-feira, 5 de setembro de 2014

A RESSURREIÇÃO DE CRISTO.


Durante séculos os cristãos tem pregado a mensagem da cruz, proclamando ao mundo de que Deus enviou o Seu único Filho, Jesus Cristo, para morrer numa cruz em favor de pecadores. Mas a cruz é apenas uma parte do drama da redenção, a morte de Cristo não é o fim da história, as notícias da sexta feira não são as últimas, ainda há as notícias do domingo, o quadro não está completo se falarmos apenas de sua morte, devemos olhar para o túmulo onde puseram o corpo do Salvador, contemplar e ver que ele está vazio, pois Jesus Cristo já ressuscitou.
Se Cristo tivesse apenas morrido o evangelho seria “más notícias”, se Cristo tivesse apenas morrido, a morte teria a última palavra, mas Ele ressuscitou, venceu a morte e vive eternamente. Se a fé cristã é identificada através da cruz, também é reconhecida através do túmulo vazio. O túmulo vazio é o berço de onde nasce a Igreja. Adoramos e servimos não o Cristo que esteve vivo e agora está morto, mas sim o que Cristo que esteve morto, mas agora está vivo. A ressurreição de Cristo dentre os mortos é parte tão essencial do evangelho quanto a sua morte sacrificial na cruz.
Sem a ressurreição de Jesus não haveria nem Cristianismo e nem Igreja, pois ela é o coração de nossa fé. O cristianismo é acima de tudo a religião da ressurreição. A Igreja é primeiramente chamada a comunidade da ressurreição.  Se Cristo tivesse apenas morrido não poderia salvar ninguém, pois como um Salvador morto pode salvar? Mas nos diz a Palavra de Deus em Romanos 4.25 que “Jesus Cristo foi entre por causa de nossas transgressões e ressuscitou por causa de nossa justificação”.
Que Cristo ressuscitou é fato incontroverso, mas alguns homens ímpios, destituídos de temor, lançam dúvidas e criam teorias absurdas para desmerecerem a ressurreição do Senhor.
  • Falsas Teorias a respeito da ressurreição de Cristo.
Alguns dizem que Cristo, na verdade não teria morrido, mas apenas havia desmaiado. E quando acordou do desmaio saiu do sepulcro e os discípulos ficaram com a ideia, a impressão que ele de fato havia ressuscitado.  O testemunho bíblico, evidentemente não corrobora com essa visão. Aqueles que eram crucificados, muitas vezes, tinham a morte apressada pelo seguinte procedimento: os soldados esmagavam as pernas da vítima com uma marreta de ferro. Quando as pernas eram quebradas, além da acentuada dor e perda de sangue, fazia com que a vítima não pudesse se empurrar para cima e a respiração era severamente prejudicada. O peso do corpo forçava tanto a caixa torácica que os pulmões não conseguiam expelir o ar inspirado. Quando as pernas eram quebradas a asfixia completa acontecia rapidamente.[1]
O apóstolo João relata que os soldados quebraram as pernas dos dois malfeitores crucificados com Jesus, porém quando chegaram a Jesus, perceberam que ele já estava morto e não quebraram as suas pernas, mesmo assim, um dos soldados tomou uma lança e furou o lado de Jesus (Jo 19.31-34). Indiscutivelmente, ele estava morto.
Mas suponhamos que os soldados se enganaram, e Cristo foi sepultado estando ainda vivo.  Como ele sairia do túmulo? Sabemos que os túmulos nos tempos de Jesus eram cavidades esculpidas nas rochas, onde depois do sepultamento era rolada uma grande pedra para fechar a entrada. Segundo os historiadores, a pedra que foi posta na entrada do túmulo de Jesus era tão pesada que eram necessários vinte homens para move-la. Além disso uma escolta de soldados romanos foi colocada para guardar o sepulcro, a fim de impedir qualquer tentativa de roubo (Mt 27.62-66). Portanto, como um homem que foi brutalmente espancado, que passou três horas de agonia pendurado em uma cruz, com suas mãos e pés pregados, com o seu lado perfurado por uma lança, teve forças para, sozinho mover uma pedra, sair do sepulcro sem ser visto pelos guardas romanos e ainda assim convencer os seus discípulos que ele havia ressuscitado? Olha é preciso ser muito incoerente para crer numa teoria absurda como esta.
  • Outra teoria, tão absurda como a primeira diz que os discípulos roubaram o corpo de Jesus. A bíblia diz que quando Jesus foi preso no Jardim do Getsêmani, todos os discípulos fugiram. Pedro acompanhou Jesus de longe até o pátio da casa do sumo sacerdote, onde ali foi reconhecido como um dos discípulos de Jesus, mas com medo de ser preso, Pedro jurou e negou por três vezes que não conhecia a Jesus. No momento da crucificação, somente João estava naquele lugar de sofrimento e dor. Quando Jesus morreu os discípulos ficaram atemorizados, assustados e se esconderam. Como um grupo de homens assustados enfrentaria a guarda romana, altamente treinada e disciplinada e roubaria o corpo de Jesus?
Na verdade essa mentira foi inventada pelas autoridades judaicas que subornaram os guardas romanos dando-lhe grande soma de dinheiro para que dissessem: “Vieram de noite os discípulos dele e o roubaram enquanto dormíamos” (Mt 28.12,13), porém, essa mentira é tão mal contada que se desfaz ainda mesmo em seu nascedouro, pois como os guardas sabiam que foram os discípulos que roubaram o corpo de Jesus se eles estavam dormindo? E se Jesus de fato não ressuscitou, como esses homens tiveram força, animo e coragem de enfrentar todas as coisas por amor a Jesus? Porventura, eles entregaram a suas vidas por uma mentira? E se ele de fato não ressuscitou, por que as autoridades romanas, juntamente com o Sinédrio, não pegaram o corpo morto de Jesus e o expuseram como prova cabal de que ele não havia ressuscitado? A resposta é simples, eles não puderam exibir o corpo morto de Jesus, porque ele havia ressuscitado!
A ressurreição de Cristo é tão importante, pois ela nos aponta para as seguintes verdades.
As Escrituras são verdadeiras.
O Antigo Testamento ensina claramente a morte e a ressurreição de Jesus. A sua morte não foi um acidente, e sua ressurreição não foi uma surpresa. Tudo já estava profetizado. Jesus ressuscitou como diz a Escritura. Sl 16.10: “Pois não deixarás a minha alma na morte, nem permitirás que o teu Santo veja corrupção”. O apóstolo Pedro e o apóstolo Paulo aplicaram essa profecia a Jesus, o qual Deus o ressuscitou dos mortos, provando assim que as Escrituras são verdadeiras e fiéis. Jesus saiu do túmulo, como os profetas haviam dito.
A morte foi vencida
Cristo saiu vivo, vitorioso e triunfante. A morte foi vencida. A pedra removida é um memorial do triunfo de Cristo. A pedra removida é o fundamento sobre o qual erigimos a nossa vida. A sepultura não é o fim de nossa existência. A morte não tem mais a última palavra. Jesus arrancou o aguilhão da morte e triunfou sobre ela. Por isso aqueles que creem em Cristo passam a ter uma outra perspectiva em relação a morte. Para nós a morte não é um sinal de desespero. O próprio Jesus, o Filho de Deus afirmou: “Eu Sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que esteja morto viverá; e todo o que vive e crê em mim não morrerá, eternamente” (Jo 11.25,26). 
Tertuliano, um dos chamados, Pais da Igreja, no século II escreveu: “A esperança cristã é a Ressurreição dos mortos: Tudo o que nós somos, o somos na medida em que acreditamos na Ressurreição”.
O bispo africano, Agostinho de Hipona, disse: “Crer na ressurreição do Senhor de entre os mortos e em sua ascensão ao céu fortalece nossa fé com uma grande esperança”.[2]
O reformador João Calvino, nessa mesma linha de pensamento declarou: “Sem a ressurreição não podemos consolar-nos de maneira nenhuma; todos os argumentos possíveis serão insuficientes para alegrar-nos”.[3]
O seu sacrifício foi aceito
Escrevendo aos Coríntios, Paulo é enfático: “E se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos pecados” (1Co 15.17). Se Cristo não ressuscitou a Sua morte não foi vicária e por isso ainda estamos perdidos. Se Cristo não ressuscitou os efeitos de Sua morte foram nulos. Mas a ressurreição de Cristo é a evidência de que o sacrifício que Ele fez em favor de pecadores foi aceito por Deus. Ele morreu pelos nossos pecados e ressuscitou para a nossa justificação.
Podemos dizer que a morte e a ressureição de Cristo é a cara e a coroa da mesma moeda. O reformador João Calvino dizia: “A cruz de Cristo triunfa sobre o diabo, a carne, o pecado e a maldade nos corações dos crentes somente quando estes elevam seus olhos para comtemplar o poder de sua ressurreição”.[4] Cristo ressuscitou, o seu sacrifício foi aceito.
A sua mediação é real
A Bíblia diz que somente há um mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, homem (1 Tm 2.5). O escritor aos Hebreus, mostrando a superioridade do sacerdócio de Cristo diz que Ele vive para sempre, e o seu sacerdócio é imutável. Por isso, também pode salvar totalmente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles (Hb 7.23-25).
Se Jesus não tivesse ressuscitado estaríamos perdidos. Se Jesus não tivesse ressuscitado estaríamos sem esperança. Mas Ele morreu e ressuscitou e agora intercede por nós. Ele nos guarda e nos protege por que está vivo. Ele ouve e responde as nossas orações porque está vivo. Ele conhece os nossos temores, dúvidas e dificuldades e se compadece de nós porque está vivo. Temos esperança, porque ele está vivo. Como Já dizia um belo hino cristão:
“Porque Ele vive, posso crer no amanhã.
Porque Ele vive temor não há,
Mas eu bem sei, eu sei que a minha vida está nas mãos
Do meu Jesus que vivo está” 

Você pode visitar o túmulo de Buda, de Confúcio, Maomé, de Gandhi, ou de Alan Kardec, todos viraram pó. Todos viram a corrupção. Mas Jesus Cristo ressuscitou. Não seguimos um Cristo preso na cruz, retido no túmulo, mas o Cristo vivo e todo-poderoso.
“Não tenha medo; eu sou o primeiro e o último e aquele que vive; estive morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos e tenho as chaves da morte e do inferno” (Ap 1.17,18). 
Os cristãos tem a vitória na morte e sobre a morte! Isso por causa da vitória de Jesus Cristo em sua própria ressurreição. Jesus disse: “Porque eu vivo, vós também vivereis” (Jo 14.19).
Que esperança gloriosa, que verdade singular, que fundamento inamovível. Nada e nem ninguém pode nos roubar essa esperança. Estamos tão unidos a Cristo que também triunfaremos sobre a morte.  O apóstolo Paulo exulta de alegria pelo fato de que a morte não tem mais a última palavra. Ele diz em 1Coríntios 15.54ss:
“Quando este corpo corruptível se revestir de incorruptibilidade, e o que é mortal se revestir de imortalidade, então, se cumprirá a palavra que está escrita: Tragada foi a morte pela vitória. Onde está, ó morte a tua vitória? Onde está, ó morte o teu aguilhão? O aguilhão da morte é o pecado e a força do pecado é a lei. Graças a Deus, que nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo”. 
Louve ao Senhor porque Ele venceu a morte e está vivo. Louve ao Senhor porque Ele tem a última palavra. Louve ao Senhor porque Ele é a ressurreição e a vida. Ele é o Salvador de pecadores, o Libertador dos cativos, o Deus santo e verdadeiro, que voluntariamente entregou a sua alma a morte, sim voluntariamente, ele mesmo disse: “Por isso, o Pai me ama, porque eu dou a minha vida para a reassumir. Ninguém a tira de mim; pelo contrário, eu espontaneamente a dou. Tenho autoridade para a entregar e também para reavê-la. Este mandato recebi de meu Pai” (Jo 10.17,18).
Não sei quais são os seus temores, mas leve-os até Cristo. Deposite aos seus pés. Conte a Ele em oração, pois ele ouve, porque está vivo. Ele ressuscitou e vive para interceder por nós. A Ele seja a glória, pelos séculos dos séculos. Amém. 

Rikison Moura, V. D. M


[1] BRUCE, F.F., João, Introdução e Comentário, p. 320,321 Vida Nova.
[2] FERREIRA, Franklin, Agostinho de A a Z, p. 190, Vida Acadêmica
 
[3] COSTA, Hermisten, Calvino de A a Z, p. 244, Vida Acadêmica
[4] Idem

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