“Ele nos libertou do império das trevas e nos
transportou para o reino do Filho do seu amor, no qual temos a redenção, a
remissão dos pecados” (Cl 1.13,14).
Talvez nenhum parágrafo do Novo Testamento contenha
tanta doutrina concentrada sobre Jesus Cristo do que este. Esses dois
versículos nos mostram de maneira clara e poderosa grandes verdades sobre a
salvação que nós temos, mediante a fé em Jesus Cristo.
O apóstolo Paulo nos mostra e toda a Escritura
confirma que o maior problema do homem é o pecado. O coração do problema é o
problema do coração. E este problema não pode ser resolvido por nenhum filósofo
ou líder religioso. Os pecadores precisam de um Salvador, e a Bíblia nos
apresenta o único e suficiente Salvador, Jesus Cristo. Ele foi Ungido e
designado pelo Pai para ser o Salvador de pecadores. E Paulo, aqui nesses dois
versículos, mostra-nos quatro atos de salvação realizados por Cristo a favor de
nós.
1.
Ele
nos libertou do império das trevas (v.13a). Existe um império do mal em
ação no mundo. O mal é uma realidade
concreta. O deus desse reino é Satanás. Ele é o príncipe das trevas. O reino
das trevas é o reino da escravidão, do pecado, da mentira, do engano, da
condenação eterna. O reino das trevas é um reino em rebelião contra Deus. O
reino das trevas odeia o bem, despreza o sagrado, se opõe a Deus e persegue os
crentes fiéis.
O homem não pode libertar a si
mesmo desse império das trevas. O homem sem Deus é prisioneiro nesse império. O
homem sem Deus é escravo do pecado. Está sob a jurisdição de Satanás. Erámos
escravos do diabo. Éramos como cavalos cavalgados pelos demônios. Escravos dos
vícios e das paixões carnais. Mas Deus através de seu eterno poder nos tirou do
império das trevas. Deus é o único que pode libertar o homem desse império das
trevas. A libertação vem de Cristo e não do homem. Vem de cima, vem do alto,
vem do Pai das Luzes, vem de Deus. Jesus Cristo é o divino libertador. Antes
estávamos presos, dominados, escravos do mal, mas Cristo quebrou nossas
correntes e nos pôs em liberdade.
2.
Ele
nos transportou (v.13b). Jesus Cristo não nos libertou da escravidão para
nos deixar vagando sem rumo. Deus nos tirou da região da morte e nos
transportou para o Reino da luz. O Reino do Filho do Seu amor. Ele nos tirou da
masmorra da escravidão e nos transportou ao palácio da liberdade. A palavra
grega para “transportou”, significa remover
de um lugar para outro, transferir. E esse foi um translado das trevas para
a luz, da escravidão para a liberdade, da condenação para o perdão, do poder de
Satanás para o poder de Deus.
A salvação efetua uma mudança
radical de domínio sobre as nossas vidas. Antes estávamos no império das
trevas, andávamos segundo a carne, erámos escravos das paixões carnais, erámos
por natureza filhos da ira. Satanás dominava sobre nós. Ele nos escravizava e
nos oprimia. Ele nos mantinha prisioneiros para a morte eterna. Mas Jesus
Cristo nos libertou e nos transportou para o seu próprio Reino. E o Reino de
Cristo é o Reino da liberdade, é o Reino de luz, o Reino de paz, alegria e vida
eterna.
3.
Ele
nos redimiu (v.14a). Esse termo significa “libertar um prisioneiro mediante o pagamento de um resgate”. O
preço do nosso resgate foi o sangue de Jesus. E esse preço não foi pago ao
diabo, como alguns erroneamente ensinam, mas esse preço foi pago a Deus. Como
Deus é justo e nós somos pecadores, não podíamos ser justificados sem que a lei
fosse cumprida e a justiça foi satisfeita. Então, Deus providenciou um
substituto perfeito, o Seu próprio Filho, para morrer em nosso lugar e em nosso
favor. Deus propiciou a Si mesmo pela morte de Cristo. Assim, Ele pôde ser
justo e justificador do pecador que crê em Seu Filho.
Não pertencemos mais a nós mesmos,
agora somos propriedade particular de Deus. Somos de Deus por direito de
criação, porque Ele nos criou à Sua imagem e semelhança. Também somos dEle por
direito de redenção, pois Ele nos comprou com o Sangue do Seu amado Filho. O
resgate pago por Cristo no Calvário nos redimiu e agora estamos quites com a
lei de Deus, e com a justiça de Deus. Nenhuma condenação pesa sobre nós. Cristo
pagou o preço da nossa dívida. Um preço que eu e você jamais poderíamos pagar,
mas Ele ofereceu-se como oferta e sacrifício agradável a Deus, Cristo morreu
por nós para nos dar vida.
4.
Ele
nos perdoou (v.14b). Além do resgate, do transporte para o reino de Cristo
e da redenção, temos também o perdão dos pecados. A Bíblia diz que o pecado faz
separação entre nós e Deus (Is 59.2), pois Deus é luz, e não há Nele treva
nenhuma (1Jo 1.5). Deus porém, nos perdoou por intermédio do Seu Filho Jesus
Cristo. O perdão removeu a barreira entre o Deus santo e o homem pecador. Nossa
dívida foi paga, nossa culpa foi cancelada e nossa justificação foi declarada.
A palavra “perdão” significa “mandar embora” ou “cancelar uma dívida”. Nossa dívida como escravos do pecado foi
cancelada. Nossos débitos não podem mais nos escravizar. Satanás, o acusador
dos filhos de Deus, não encontra mais nada em nossos arquivos para nos acusar.
Escrevendo aos Romanos, o apóstolo Paulo declara:
“Quem
intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem os
condenará? É Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem ressuscitou, o qual está
à direita de Deus e também intercede por nós” (8.33,34).
O que Paulo está dizendo é: quem
pode acusar com êxito alguém que o próprio Deus já declarou justo? Quem pode
condenar aqueles que já foram perdoados por Deus? O perdão pavimenta o caminho
de um novo relacionamento com Deus. Por meio da remissão de pecados, somos
transferidos da posição de réus condenados, para o status de filhos amados.
Continuamos pecadores, mas agora pecadores redimidos. Quando um filho peca
contra o pai, não deixa de ser filho. Ele perde a comunhão, mas não a filiação.
Por meio de Cristo, através da confissão, podemos receber constantemente o
perdão e a restauração. O apóstolo João diz que se confessarmos os nossos
pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda
injustiça (1Jo 1.9).
Deus promete perdoar quem confessar
seus pecados, mas sua promessa não é um “amuleto mágico” que facilita a
desobediência. Aquele que diz: “vou pecar, porque sei que Deus vai me perdoar”,
na verdade não entendeu nada do evangelho.
Por meio de Jesus
Cristo, Deus nos perdoou e agora devemos ser também perdoadores. O perdão que
recebemos de Deus é o padrão do perdão que devemos oferecer ao nosso ofensor. Os
perdoados devem perdoar e perdoar com o mesmo tipo de perdão que receberam de
Deus. Em Colossenses 3.13 Paulo deixa isso bem claro:
“Suportai-vos uns aos outros, perdoai-vos mutuamente, caso alguém tenha
motivo de queixa contra outrem. Assim como o Senhor vos perdoou, assim também
perdoai vós”.
Que possamos viver
como salvos, dando evidências reais do nosso novo nascimento. A obra de Cristo
é magnifica. A obra de Cristo é incomparável. Ele nos libertou do império das
trevas e nos transportou para o Reino da luz, Ele nos redimiu, pagou com o Seu
sangue o preço do nosso resgate e nos perdoou, nos purificando de toda a
injustiça. A Ele seja a glória pelos séculos dos séculos. Amém.
Rikison Moura, V. D.
M
Obras Consultadas: LOPES,
Hernandes Dias, Colossenses, Hagnos
MARTIN, Ralph P. Colossenses e Filemom: introdução e comentário, Vida
Nova;
WIERSBE, Warren W., Comentário Bíblico Expositivo.
BOYER, Orlando, Pequena Enciclopédia Bíblica, Vida Acadêmica.
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