Certo
pastor disse a um grupo de jovens aspirantes ao ministério: “Pregue para os que
sofrem, e nunca ficará sem congregação. Há um coração partido em cada banco de
igreja”. O sofrimento é uma linguagem universal. Comum a todas as pessoas.
Desde que o pecado entrou no mundo as lágrimas de dor e sofrimento vem molhando
o nosso rosto. “O homem nasce para o enfado, como as faíscas das brasas voam
para cima” (Jó 5.7). Talvez o seu coração tenha sido partido pela descoberta de
uma grave enfermidade; por um trágico acidente ou pela perda de alguém que você
tanto amava. Em momentos como esses precisamos de força para não desistirmos.
Esperança para enxergarmos além do sofrimento.
Precisei
de tempo para aprender essa verdade. Durante muito tempo vivi revoltado contra
Deus. Nasci numa família pobre, no interior do Ceará, eu era o caçula de seis
irmãos. Quando eu tinha um ano e seis meses, enquanto a minha mãe me
amamentava, ela partiu para a eternidade. Cresci carregado de dúvidas, mágoas,
ressentimento para com Deus. Nas horas mais difíceis da vida eu pensava nela, e
os porquês borbulhavam na minha
mente: se Deus é bom, então por que Ele me privou do convívio e do carinho da
minha mãe? Se Deus é bom por que Ele não preservou a saúde da minha mãe? Por
que tirou-a de mim tão cedo?
Uma
coisa eu te digo: Deus ainda não me respondeu nenhuma das minhas indagações,
porém, Ele me fez aprender uma lição duradoura: nEle podemos encontrar
conforto, consolo e graça para continuar em frente. Podia ter perdido a minha
mãe, mas o meu Pai, dos altos céus, estava me guiando e dando-me a certeza que
jamais me deixaria sozinho. Deus está sempre conosco. Ele não nos abandona. Não
nos deixa entregues a nossa própria sorte. Ele está no controle. Trabalhando por
nós, mesmo em meio ao sofrimento. As tribulações trabalham em nosso favor e não
contra nós. Elas não vêm para nos destruir, mas para nos moldar. O sofrimento
constrói o nosso caráter. Ganhamos perspectiva. Aprofundamo-nos. Crescemos. Nos
tornamos mais santos. Mais dependentes de Deus.
Tempos
depois eu pude escrever com toda sinceridade do meu coração esses versos
singelos:
Posso não
entender, mas confio em Seu querer,
Sei que sempre
age bem, pois Tu és divino ser;
Mesmo em meio ao
sofrimento Tu estás a nos moldar,
Na escuridão da
alma vejo Tua luz brilhar;
Nada acontece
por acaso, não existe karma ruim,
Tudo está nas
mãos de Deus, do princípio até o fim;
Não te peço
caminho fácil, mas graça pra suportar,
Não te peço
glória sem cruz, pois isso impossível será.
O salmista Davi escreveu: “Foi-me bom ter eu passado pela aflição, para que aprendesse os teus
decretos” (Sl 119.71). O patriarca Jó após passar pela escola do
sofrimento, exclamou:
“Eu
te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te veem. Por isso, me abomino
e me arrependo no pó e na cinza” (Jó 42.5,6).
Lembre-se de que aquilo pelo qual estamos
passando não é o final da história; é apenas a dura jornada que conduz ao céu,
onde ali toda lágrima será enxuta de nossos olhos pelo nosso amado e gracioso
Deus (Ap 21.4). Nada pode nos separar do amor de Deus, nem mesmo o sofrimento
(Rm 8.35-39). Talvez você passou, esteja passando ou passará lutas e aflições
maiores do que as minhas e se eu posso lhe dar um conselho que seja este: peça
a Deus para lhe ensinar e lhe conduzir, mesmo em meio ao sofrimento! Talvez
você olhe para cima e parece que o céu é de bronze. Você olha e não consegue
enxergar nem um raio de glória. Mas Deus está lá! Como bem se expressou Matthew
Henry:
“O
Deus de Israel, o Salvador, é, por vezes, um Deus que se esconde, mas nunca um
Deus que se ausenta. Pode estar nas sombras, mas nunca está distante”.
Finalizo
esse texto com as palavras de Charles H. Spurgeon:
“O
conforto é desejável em todo tempo; mas o conforto na aflição é como uma lâmpada num lugar escuro. Muitos são incapazes
de achar conforto na tribulação; mas esse não é o caso com os cristãos, pois
seu Salvador lhes disse: “Não vos deixarei órfãos.” Alguns têm conforto, porém,
não aflição; outros têm aflição, porém não conforto; mas os santos têm conforto
em sua aflição”.[1]
Rikison
Moura, V. D. M
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