terça-feira, 19 de agosto de 2014

ESPERANÇA EM MEIO AO SOFRIMENTO.


Certo pastor disse a um grupo de jovens aspirantes ao ministério: “Pregue para os que sofrem, e nunca ficará sem congregação. Há um coração partido em cada banco de igreja”. O sofrimento é uma linguagem universal. Comum a todas as pessoas. Desde que o pecado entrou no mundo as lágrimas de dor e sofrimento vem molhando o nosso rosto. “O homem nasce para o enfado, como as faíscas das brasas voam para cima” (Jó 5.7). Talvez o seu coração tenha sido partido pela descoberta de uma grave enfermidade; por um trágico acidente ou pela perda de alguém que você tanto amava. Em momentos como esses precisamos de força para não desistirmos. Esperança para enxergarmos além do sofrimento.

Precisei de tempo para aprender essa verdade. Durante muito tempo vivi revoltado contra Deus. Nasci numa família pobre, no interior do Ceará, eu era o caçula de seis irmãos. Quando eu tinha um ano e seis meses, enquanto a minha mãe me amamentava, ela partiu para a eternidade. Cresci carregado de dúvidas, mágoas, ressentimento para com Deus. Nas horas mais difíceis da vida eu pensava nela, e os porquês borbulhavam na minha mente: se Deus é bom, então por que Ele me privou do convívio e do carinho da minha mãe? Se Deus é bom por que Ele não preservou a saúde da minha mãe? Por que tirou-a de mim tão cedo?
Uma coisa eu te digo: Deus ainda não me respondeu nenhuma das minhas indagações, porém, Ele me fez aprender uma lição duradoura: nEle podemos encontrar conforto, consolo e graça para continuar em frente. Podia ter perdido a minha mãe, mas o meu Pai, dos altos céus, estava me guiando e dando-me a certeza que jamais me deixaria sozinho. Deus está sempre conosco. Ele não nos abandona. Não nos deixa entregues a nossa própria sorte. Ele está no controle. Trabalhando por nós, mesmo em meio ao sofrimento. As tribulações trabalham em nosso favor e não contra nós. Elas não vêm para nos destruir, mas para nos moldar. O sofrimento constrói o nosso caráter. Ganhamos perspectiva. Aprofundamo-nos. Crescemos. Nos tornamos mais santos. Mais dependentes de Deus.
Tempos depois eu pude escrever com toda sinceridade do meu coração esses versos singelos:

Posso não entender, mas confio em Seu querer,
Sei que sempre age bem, pois Tu és divino ser;

Mesmo em meio ao sofrimento Tu estás a nos moldar,
Na escuridão da alma vejo Tua luz brilhar;

Nada acontece por acaso, não existe karma ruim,
Tudo está nas mãos de Deus, do princípio até o fim;

Não te peço caminho fácil, mas graça pra suportar,
Não te peço glória sem cruz, pois isso impossível será.

 O salmista Davi escreveu: “Foi-me bom ter eu passado pela aflição, para que aprendesse os teus decretos” (Sl 119.71). O patriarca Jó após passar pela escola do sofrimento, exclamou:
“Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te veem. Por isso, me abomino e me arrependo no pó e na cinza” (Jó 42.5,6).
 Lembre-se de que aquilo pelo qual estamos passando não é o final da história; é apenas a dura jornada que conduz ao céu, onde ali toda lágrima será enxuta de nossos olhos pelo nosso amado e gracioso Deus (Ap 21.4). Nada pode nos separar do amor de Deus, nem mesmo o sofrimento (Rm 8.35-39). Talvez você passou, esteja passando ou passará lutas e aflições maiores do que as minhas e se eu posso lhe dar um conselho que seja este: peça a Deus para lhe ensinar e lhe conduzir, mesmo em meio ao sofrimento! Talvez você olhe para cima e parece que o céu é de bronze. Você olha e não consegue enxergar nem um raio de glória. Mas Deus está lá! Como bem se expressou Matthew Henry:
“O Deus de Israel, o Salvador, é, por vezes, um Deus que se esconde, mas nunca um Deus que se ausenta. Pode estar nas sombras, mas nunca está distante”.
Finalizo esse texto com as palavras de Charles H. Spurgeon:
“O conforto é desejável em todo tempo; mas o conforto na aflição é como uma lâmpada num lugar escuro. Muitos são incapazes de achar conforto na tribulação; mas esse não é o caso com os cristãos, pois seu Salvador lhes disse: “Não vos deixarei órfãos.” Alguns têm conforto, porém, não aflição; outros têm aflição, porém não conforto; mas os santos têm conforto em sua aflição”.[1]
Rikison Moura, V. D. M


[1] Charles Spurgeon, Salmo 119, PES, p. 88.

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